Deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) protocolaram, nesta sexta-feira (6), um pedido de impeachment contra o secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, em meio a denúncias de abusos de poder e homicídios praticados por policiais militares. O documento, assinado por 26 deputados, aponta uma suposta omissão da gestão estadual diante de sucessivos casos de violência policial nos últimos dois anos. 

GRAVES ACUSAÇÕES 

O pedido de impeachment reúne 12 casos emblemáticos de violência policial, incluindo:  

• A morte de Felipe Vieira Nunes, vendedor ambulante encontrado com sinais de tortura em Guarujá, após abordagem policial. 
• O assassinato de Marco Aurélio Cardenas Acosta, estudante de medicina morto por um policial militar em um hotel de São Paulo, com imagens de câmeras desmentindo a versão apresentada pela polícia. 
• O arremesso de um entregador de uma ponte no bairro Cidade Adhemar, registrado em vídeo, onde policiais aparecem claramente envolvidos no ato. 

No texto, os deputados denunciam que a gestão Derrite estaria "normalizando crises de insubordinação, omitindo-se frente ao aumento da violência policial e ignorando o racismo estrutural nos procedimentos policiais." 

CONSEQUÊNCIAS SOLICITADAS 

Os parlamentares pedem a condenação de Guilherme Derrite por crimes de responsabilidade, alegando que ele atentou contra o direito social à segurança pública e a probidade administrativa. Caso o pedido seja aprovado, Derrite pode perder o cargo e ficar inabilitado por cinco anos para exercer funções públicas. 

ASSINATURAS E APOIO POLÍTICO 

O pedido é liderado por parlamentares de partidos como PT, PSOL, PCdoB, PSB e REDE, incluindo nomes como Ana Perugini (PT), Carlos Giannazi (PSOL), Eduardo Suplicy (PT) e Leci Brandão (PCdoB). 

POSICIONAMENTO DA SSP 

Em resposta, a Secretaria de Segurança Pública destacou que mantém corregedorias ativas para investigar desvios de conduta e reafirmou seu compromisso com a punição de agentes que violam a lei. Segundo a SSP, 280 policiais foram demitidos e expulsos desde o início do ano passado, e 414 agentes foram presos por condutas inadequadas. 

"Não compactuamos com profissionais que violam as regras de suas respectivas instituições. Nossa função primordial é proteger a população e combater o crime", afirmou a SSP em nota. 

CONTEXTO E PRÓXIMOS PASSOS 

A denúncia reacende debates sobre violência policial em São Paulo, especialmente em um contexto de crescente pressão social por reformas no sistema de segurança pública. O pedido de impeachment será analisado pela Alesp, que decidirá se dará seguimento ao processo contra o secretário. 

A situação traz à tona questões urgentes sobre o equilíbrio entre segurança pública, direitos humanos e responsabilidade institucional. O caso promete movimentar o cenário político nos próximos dias.